Consumo global
O consumo global de suco de laranja deve iniciar uma tendência de recuperação nos próximos anos. Esse é o cenário apontado por um relatório econômico sobre a cadeia citrícola produzido pelo Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do banco Bradesco. De acordo com o estudo, a retomada nas economias desenvolvidas deve abrir espaço para uma recuperação nas taxas de consumo da bebida, ainda que de forma moderada. "Importante ressaltar que a retomada do consumo se dará de forma gradual e ainda não aponta recuperação aos níveis pré-crise de 2008", diz o relatório.
Para traçar esse cenário, o relatório leva em conta projeções do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês), que indicam que o consumo mundial na safra 2012/13 deverá crescer 4%. Além disso, o relatório leva em conta a queda de produção dos pomares de São Paulo e da Flórida, afetados pela doença do greening e por questões climáticas, o que deve provocar uma redução nos estoques. "De fato, para 2014 a CitrusBr estima recuo dos estoques nacionais, como reflexo da retração do volume produzido, ao passo que as exportações deverão se manter estabilizadas. Assim a expectativa é de que o estoque caia para 477 mil toneladas, o equivalente a 22 semanas de consumo".
A análise indica ainda que o avanço moderado na demanda por suco de laranja deve ser puxado pelos mercados consolidados, Europa, EUA e Japão, como efeito da retomada da atividade econômica nestes países. "Nos países emergentes, o consumo continuará se expandindo a taxas mais expressivas, no entanto, é importante pontuar que o driver de expansão do consumo ainda continuará sendo os países desenvolvidos, que respondem por 80% do consumo global. Dado que o consumo dos emergentes ainda tem representatividade pequena, não deveremos esperar saltos no consumo global".
O estudo avalia que o consumo de suco de laranja concentrado nos países emergentes caiu 20% desde a crise de 2008, enquanto que nos países emergentes o consumo avançou 35%, passando de 10% para 15% sua participação no consumo global entre 2008 e 2013. "Mas ainda assim, não foi suficiente para compensar a perda dos desenvolvidos, levando o consumo global a uma queda de 15% de 2008 para cá", diz a análise.
De acordo com a última versão do relatório O Estado do Mundo, publicado no ano passado pelo The Worldwatch Institute com versão brasileira confeccionada e divulgada pelo Instituto Akatu pelo Consumo Consciente, nos últimos 50 anos o consumo cresceu seis vezes, ao mesmo tempo em que a população cresceu apenas 2,2 vezes. Em outras palavras: o consumo por pessoa cresceu três vezes.
Segundo o relatório, em 2006, pessoas no mundo todo gastaram US$ 30,5 trilhões em bens e serviços (em dólares de 2008). Em 1996, esse número foi de US$ 23,9 trilhões e em 1960 a humanidade consumiu o equivalente a US$ 4,9 trilhões. Só em 2008, pessoas no mundo todo compraram 68 milhões de veículos, 85 milhões de geladeiras, 297 milhões de computadores e 1,2 bilhão de celulares.
Atualmente, a ONU estima um passivo de equipamentos eletrônicos de 480 mil toneladas de computadores, 8,6 mil toneladas de celulares e 1,1 milhão de toneladas de aparelhos de TV.
Desperdício. A velocidade com que os produtos duráveis ficam obsoletos vem aumentando. E o desperdício aumentou também. Um bom exemplo são os aparelhos celulares. Em 2007, as pesquisas indicavam que o brasileiro trocava de celular, em média, a cada dois anos. Hoje, troca a cada 1 ano e 4 meses.
O resultado de tanto desperdício é que o uso dos recursos naturais está ultrapassando a capacidade que o planeta tem de provê-los. Entre 1950 e 2005, por exemplo, a produção de metais cresceu 6 vezes, a de petróleo, 8, e o consumo de gás natural, 14 vezes. No século 20, a produção de carvão aumentou 6 vezes e a de cobre, 25 vezes. Entre 1960 e 2000, a produção de plástico aumentou 41 vezes.
"Um automóvel hoje emprega o dobro do cobre que utilizava há dez anos", afirma o sociólogo Maurício Waldman. "Não tem como a reciclagem dar conta se continuamos produzindo resíduos nessas proporções."
Hoje, são extraídas 60 bilhões de toneladas de recursos anualmente - cerca de 50% a mais do que há apenas 30 anos. O europeu médio usa 43 quilos de recursos diariamente, e o americano médio, 88 quilos. Atualmente, o mundo extrai o equivalente a 112 edifícios Empire State da Terra a cada dia.
"Os EUA são um mercado altamente gerador de lixo e, com a entrada dos produtos asiáticos, a próprias fábricas estão virando sucata", afirma Adriano Assi, diretor executivo da EcoBrasil.
Mais ricos. O relatório O Estado do Mundo mostra que os 16% mais ricos do mundo são responsáveis por cerca de 78% do consumo mundial. O que quer dizer que os 84% restantes são responsáveis por apenas 22% do consumo do planeta. / K.N.
SÃO PAULO - O consumo global de aço deve somar 1,475 bilhão de toneladas em 2013, um crescimento de 3,1%, e alcançar 1,523 bilhão de toneladas em 2014, aumento de 3,3%, segundo as projeções mais recentes da Worldsteel, entidade que representa 170 siderúrgicas em todo o mundo.
Na projeção anterior da associação, divulgada em abril, era esperado um crescimento de 2,9% para 2013 e de 3,2% para 2014.
“Os maiores riscos econômicos se estabilizaram nos últimos seis meses e, apesar dos fatores ainda existirem, a demanda deve continuar a crescer”, afirmou Hans Jürgen Kerkhoff, presidente do comitê de economia da Worldsteel, durante coletiva de imprensa.
Entre os principais riscos macroeconômicos, ele citou a crise da zona do euro e a desaceleração da economia chinesa.
A Worldsteel acredita que os Estados Unidos resolverão em breve suas questões fiscais. E acrescentou que a economia indiana e a brasileira não tiveram um desempenho como esperado, principalmente por causa de questões estruturais.
Esses fatores levaram a uma demanda mais fraca por aço neste ano e a China tem sido a única exceção, afirmou Kerkhoff.
Para o consumo chinês, a entidade prevê um crescimento de 6% neste ano, para 700 milhões de toneladas.
No caso do Brasil, a estimativa é de crescimento de 3,2% neste ano, para 26 milhões de toneladas, e de 3,8% em 2014, para 27 milhões de toneladas.